Tutores de programa de EAD do MEC reclamam de bolsa de R$ 765 e de falta de vínculo empregatício
Camila Rodrigues*
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Tutores
da UAB (Universidade Aberta do Brasil), programa do governo federal
para a oferta de EAD (Ensino a Distância), queixam-se da ausência de
vínculos empregatícios, da falta de perspectivas profissionais da função
e do valor das bolsas.
Em
geral pós-graduandos, estes instrutores ganham R$ 765 por 20 horas de
trabalho semanal. De acordo com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior), há cerca de 13 mil tutores em atuação
atualmente.
Entre suas atividades estão estimular os estudantes dos cursos, tirar dúvidas e facilitar a relação com o professor. “O turnover [a
rotatividade] é muito grande, o que dificulta o treinamento e
recrutamento de profissionais. Isso acarreta prejuízo financeiro e
pedagógico, já que o tutor abandona a função diante de qualquer
oportunidade melhor que apareça”, analisa Luís Gomes, presidente da
Anated (Associação Nacional dos Tutores de Educação a Distância).
Um
tutor que não quis se identificar afirma que a falta de uma carreira
para a função tem impacto negativo na imagem da UAB. “Os cursos a
distância, dentro da universidade, sofrem o mesmo preconceito que
encaram fora. Alguns estudantes querem logo receber o diploma, muitos
professores e muitos tutores tratam o trabalho como um bico e, no fim, o
curso é visto como inferior ao presencial”.
Direitos trabalhistas
Para
Daltro Maurer, tutor presencial do curso de ciências contábeis da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina) no pólo de Seberi (RS), um dos
problemas é a falta de direitos trabalhistas, como carteira assinada,
férias remuneradas e 13º salário. “E o tempo que trabalhamos aqui não
está computando como tempo de serviço para aposentadoria”, acrescenta.
Outra
reclamação foram adiamentos de pagamento. “Já tivemos atraso de mais de
80 dias na bolsa. Nessa época, alguns tutores fizeram protesto e
ameaçaram uma paralisação, mas foram repreendidos. Houve casos de
tutores que chegaram a ser dispensados por conta disso”, lembra outro
tutor a distância do curso de Administração da UFSC.
Além
disso, alguns dos bolsistas relatam que o exercício da tutoria, em
parte das instituições, não é contabilizado para fins de comprovação de
experiência em processos seletivos de cursos presenciais. Foi o que
aconteceu com Erica Marques, 46, tutora a distância do curso de gestão
ambiental do IF-PE (Instituto Federal de Pernambuco). “Fui concorrer a
uma vaga dentro do próprio IF-PE, e a minha experiência como tutora não
valeu de nada em um processo seletivo do ensino tradicional. Não contou
nenhum ponto”.
Outro lado
O diretor de Educação a Distância da Capes, João Carlos Teatini, em entrevista ao UOL no
último mês, informou que o problema já está em debate no Executivo
federal. “Estamos fazendo uma discussão com as universidades sobre a
institucionalização da figura do tutor. Uma possível solução seria
criar, dentro da carreira docente das federais, a de tutor EAD”,
explica.
O
gestor reconhece que, hoje, o tutor é um profissional transitório, o
que enseja preocupação. “Estamos enfrentando os problemas e discutindo
com a Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior] e a Abruem [Associação Brasileira dos
Reitores das Universidades Estaduais e Municipais] para dar uma
solução.” Teatini também informou que há um grupo de trabalho para
revisar o valor e os objetivos das bolsas oferecidas pelo órgão.
Em Pernambuco, também não é diferente, a UFRPE esta com bolsa em atraso tanto de tutores Virtuais como de tutores presenciais. Os tutores estão dispostos atrabalhares mais sem a remuneração não dá, como pode ter um bom rendimento, como pode exigir desses profissionais. aí esta o ponto da questão
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